Sunday, May 27, 2007

Deus, Sexo e Futebol

Do meu grupo de amigos de infância, quando tinha eu 7, 8 anos, faziam parte alguns rapazes mais velhos. Embora o convívio passasse habitualmente pelo futebol, por vezes surgia à baila a conversa sobre raparigas. Recordo-me de numa delas o elemento mais velho do grupo ter referido que um adulto lhe explicara os gritos da mulher durante o acto sexual: estes não eram afinal uma manifestação de dor, mas sim de um conjunto complexo de emoções, de prazer. Com receio de parecer estúpido, concordei; lembro-me no entanto de não ter compreendido nada do que este meu amigo falava. Esta era uma questão que, a mim, ainda não se colocava. Se não era dor, porque gritava? Porque gemia? Se era prazer, não deveria antes sorrir? Eu só gritava quando tinha o joelho esfolado de uma queda, e quando gostava muito de alguma coisa, dava gargalhadas. Aquilo não fazia muito sentido.

Hoje, do meu pequeno grupo de amigos uma parte muito significativa é ateia. Hoje, quando lhes falo de Deus, não consigo deixar de me sentir um pouco como o meu amigo de infância. Tal como a minha sensibilidade ainda não estava desperta para a sexualidade, a maioria das pessoas que conheço parece fechar o “canal” que as poderia conduzir à transcendência, tudo tem de ser palpável, científico. Não sabem o que perdem. Tal como eu em míudo, convencido que estava que o melhor a que poderia aspirar era mesmo marcar um belo golo, como o Bebeto fazia no Vasco.

1 comment:

Anonymous said...

:)