Friday, February 20, 2009

Wednesday, February 18, 2009

Tenho 28 anos, faço parte de uma geração que não conheceu guerras nem ditaduras. Não sei o que é passar fome, não presenciei a morte de um amigo.
Somos acusados de viver uma vida burguesa, o que é verdade. Não minto, porém, se também disser que nunca tivémos a oportunidade de integrar causas maiores, que não pudémos lutar pela liberdade, que não sofremos injustiças. Não nos foi dado a bater um qualquer Golias que fosse, para poder aí encontrar algum sentido.
Agravando uma situação já por si problemática, as gerações anteriores fizeram-nos o malogrado favor de destruir o que restava de sagrado. Deixaram-nos a ciência, alimentaram o seu voraz apetite que tudo reduz ao frio mecanismo científico. E se hoje, num deseperado gesto, alguém ainda tenta recuperar o mistério, encontra substituído em seu lugar uma pegajosa água açucarada, apenas capaz de satisfazer as almas menos despertas.
Ficámos defronte a um imenso vazio que não permite distracções. Ficámos sozinhos.

Confrontados com semelhante horror corremos todos para os centros comerciais e decidimos apostar na carreira. Não teria feito o mesmo, camarada?

Monday, February 16, 2009

200 anos depois de Darwin os macacos continuam a baloiçar-se de árvore em árvore, o Homem entre santos e demónios.

Saturday, February 14, 2009

Torres de Marfim


Em conversa de trabalho discutia-se as consequências de um aumento da temperatura média em Itália, em risco estava a produção de vinho. “Passaremos a produzir laranjas, não é grave!” argumentava alguém entre os presentes. O chianti daria portanto lugar ao sunquick.

Não consegui evitar a imagem, o Douro cheio de laranjeiras. Amigo, não é bem a mesma coisa, não é bem a mesma coisa…

Friday, February 6, 2009

Quase todos os não crentes afirmam a sua incredulidade com uma espécie de orgulho que não compreendo. Se nada existe, qual o mérito de tal atitude? Usando uma analogia estúpida mas, recorrente entre os mais orgulhosos ateus, também eu não acredito no Pai Natal, só que não ando particularmente orgulhoso disso.

O problema de facto só existirá se a possibilidade da existência de Deus for corajosamente encarada (coisa que a maioria dos orgulhosos preguiçosamente não faz), se a fé como mistério que assalta violentamente o nervo central da existência humana for sinceramente considerada. Nessa altura acreditar ou não torna-se uma terrível dor de cabeça, uma permanente angústia, e se no final uma pessoa continua a não acreditar, acreditem, não bradará aos sete ventos semelhante desfecho. Apenas porque considerou-o seriamente.

Monday, February 2, 2009

Solidão.

Duas. A diabólica, que se fecha para o mundo. A divina, uma comunhão silenciosa com o anónimo que passa na rua.