Monday, January 26, 2009

Tinta cobarde

Nunca gostei muito de romances que tratam problemas colectivos, sociais. Talvez, não de modo consciente, sempre tenha tido a impressão de que o escritor é um felizardo (ou infeliz) que, com tempo de sobra, tem obrigação de se aperceber do Problema em que consiste a sua própria vida. Deveria portanto escrever sobre isso, ao invés de andar a fugir com o rabo à seringa, transferindo o seu desespero para os outros, gastando covardemente a sua tinta como forma de distracção. Talvez por isso não volte a pegar em Saramago mas, guardo ansiosamente Narciso e Goldmundo, a apanhar pó, para que o Hermann Hesse não fique todo lido antes dos 30.

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